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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Pássaro e a Prisão

Antonio José dos Anjos
e Valter Arruda dos Anjos
(16/08/2012)
Quando eu era pequeno
Tinha essa situação:
Achava até engraçado
Ver um pássaro na prisão.
Com o passar do tempo,
Vi que é só judiação.
Se quiser ver um homem triste,
Ponha ele numa prisão!

Por isso Sr. Doutor,
Crie lei da libertação!
Libertando os passarinhos
Da maldita escravidão,
Que assola todo dia
A sua população.
Se quiser ver um homem triste,
Ponha ele numa prisão!

Lá era pra estar
O assassino e o ladrão.
Não o passarinho amigo,
Que não fere seu irmão.
Coloque também o corrupto,
Com toda sua opressão.
Se quiser ver um homem triste,
Ponha ele numa prisão!

Tivemos lembranças tristes
Do tempo da escravidão...
Por isso não prendam os pássaros;
Deem sua libertação.
Libertem que eles vão dar,
Pra vocês uma canção.
Se quiser ver um homem triste,
Ponha ele numa prisão!

Por isso Sr. Doutor,
Abra o seu coração!
Sancione uma lei legal,
Não me deixe triste não!
Soltem pelo matagal,
Do sabiá ao cancão.
Se quiser ver um homem triste,
Ponha ele numa prisão!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Vento e o Segredo

Antônio José dos Anjos
(08.08.2012)
O vento canta aos meus ouvidos
Canções que procuro decifrar.
Mas, ele não revela o seu segredo.
Eu fico sozinho a imaginar.

Será que ele fala de alguém?
Um segredo maior do que o mundo?
Aos poucos ele leva as minhas palavras,
Assanhando os cabelos da mulher amada.

Ó vento, que passa sobre ela,
Me fale um pouco da sua paixão,
Não me deixe sofrer nesta janela...
Escreva o seu nome no chão.

Não transforme só em poeira
Este seu cantar que é tão belo...
Parece assobiar o nome dela,
Chamando bem baixinho num psiu!

Quando a noite vem caindo
E a rígida nortada solta,
Fica tudo em um silêncio.
Na fresta da telha você sopra.

Pronuncia até o nome dela,
Nas suas ondas de ar ou rajadas.
Mas eu aqui na minha janela,
Não consigo decifrar o nome dela.